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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

E deles? Quem cuida?

No dia após uma greve, proteção social, direitos, salários e outros benefícios continuam na ordem do dia.
Muitos dirão que o nosso país está na cauda da Europa nesse campo. É um assunto em que há um consenso na sociedade portuguesa quase generalizado. Quase todos nós concordamos que os salários deveriam ser mais elevados, que as reformas deveriam ser mais altas, que as licenças por paternidade deveriam ser mais prolongadas, que o Serviço Nacional de Saúde deveria ter mais valências e ser de mais fácil acesso.
No entanto também quase todos aceitamos a ideia que há países, alguns dos quais bem mais ricos que o nosso Portugal, em que os sistemas de saúde e proteção social ou não existem ou são baseados na contratação de seguros de saúde e sistemas de poupança, sistemas que obviamente têm como objetivo primordial  o lucro, deixando por isso o bem estar dos associados para segundo plano. Além disso, os mais desprotegidos são aqueles que, sem capacidade económica para alimentar o sistema instituído, se vêm à mercê da caridade alheia ou mesmo da solidão completa.
Mas será que num país como o nosso não existem pessoas que mesmo trabalhando e muito, vivem completamente abandonados?
Existem! Um exemplo flagrante de uma classe completamente abandonada é a dos bandidos...Por vezes podemos nem notar, mas neste país os bandidos existem mas são sempre os mais desprotegidos!
Um mero exercício sobre a vida quotidiana irá levar-nos a entender.
Senão vejamos, há neste país bandidos que o único beneficio que têm é o Rendimento Social de Inserção, já imaginaram o que é gerir o orçamento dessa forma? Se for um banal bandido quase todos dirão que vá roubar para comer. Logo aí se vê a dualidade de critérios com que a sociedade olha para eles, apontando o dedo a quem mistura trabalho com lazer. Se o trabalho do bandido é roubar...bastaria que um ou dois bandidos começassem a roubar para comer para que algum comentador social mais atento apontasse problemas de ética profissional!
Um exemplo ainda mais gritante é o dos banqueiros, bandidos com formação superior, oriundos de famílias brasonadas, que aprenderam a fazer com que o resto da sociedade prospere à custa da sua inteligência, quando o azar lhes bate à porta e se esquecem de uma parcela das contas (com aqueles cadernos dos quadradinhos isso era mais difícil acontecer), toda a gente os condena. Mas o que faz o estado? O estado garante os depósitos, o estado arranja soluções para os lesados, tudo gente que usou o trabalho do banqueiro para encher os bolsos...e do sr. Dr. Bandido? Quem se lembra?
Este  e outros exemplos surgirão nas vossas mentes, basta um pequeno esforço... baixa médica, por exemplo? Quem paga?
Enquanto bandido não descontar sobre aquilo que rouba, uma percentagem para IRS e outra para a Segurança Social, o nosso país nunca será uma sociedade completamente justa!
Bastava por exemplo que quando o bandido chegasse de bandidar, naquele dia ou no dia seguinte, o mais tardar, passasse na sua repartição de Finanças, tirasse a senha e mostrasse o que ganhou, deixava lá a percentagem correspondente e seguia a sua vida de bandido!
De certeza que seria um bandido mais feliz, que ao final de cada dia já não iria para casa com a incerteza do que será o dia seguinte se ficar desempregado ou se lhe der uma diarreia que o impeça de trabalhar por uns dias!
Talvez nunca tenham pensado nisso, mas é caso para questionar: E deles? Quem cuida?


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