Nós os portugueses sempre fomos um povo de criticar mais do que de fazer.
Também se não fossemos assim, talvez este blog nunca existisse...
Ao que me parece o alvo desta semana é o juíz desembargador Neto de Moura...
A propósito de um polémico acórdão em que este magistrado "desculpou" um ato de violência doméstica porque a vítima alegadamente cometeu adultério...
Mais indignação causou porque o citado acórdão não se baseou muito na legislação mas mais numa interpretação muito própria da Bíblia...
Para bater mais no ceguinho, soube-se hoje que em julho de 2012, em Loures, Neto de Moura conduzia um automóvel sem matrícula...e quando foi mandado parar pela GNR não parou...
Desta vez não percebo a celeuma da opinião pública...
Já leram o livro de Zacarias no Antigo Testamento? Talvez não... Mas eu coloco aqui:
"Olhei novamente e vi diante de mim quatro carruagens que vinham
saindo do meio de duas montanhas de bronze.
À primeira estavam atrelados
cavalos vermelhos; à segunda, cavalos pretos;
À terceira, cavalos brancos; e
à quarta, cavalos malhados. Todos eram vigorosos.
Perguntei ao anjo que falava
comigo: Que representam estes cavalos atrelados, meu senhor?
O anjo me
respondeu: "Estes são os quatro espíritos dos céus, que acabam de sair da
presença do Soberano de toda a terra.
A carruagem puxada pelos cavalos pretos
vai em direção à terra do norte, a que tem cavalos brancos vai em direção ao
ocidente, e a que tem cavalos malhados vai para a terra do sul".
Os
vigorosos cavalos avançavam, impacientes por percorrer a terra. E o anjo lhes
disse: "Percorram toda a terra!" E eles foram.
Então ele me chamou e
disse: "Veja, os que foram para a terra do norte deram repouso ao meu
Espírito naquela terra".
Alguma das quatro carruagens tem matrícula? Não!
Mas também o evangelho de S. Lucas, no episódio em que Jesus com 12 anos de idade se perdeu dos pais, refere que os pais já caminhavam há um dia e pensavam que o menino se encontrava na caravana... Li até ao fim...e em nenhum ponto fala na matrícula da caravana, e porquê? Porque não tinha! Porque se tivesse, num caso de desaparecimento seria uma informação essencial...
Sabiam que o primeiro automóvel chegou a Portugal a 12 de outubro de 1895, um Panhard & Levassor, adquirido pelo Conde de Avilez...na viagem inaugural atropelou um burro...mas não tinha matrícula!
Mais exemplos poderiam ser aqui dados, mas estes chegam para perceber que circular com veículos sem matrícula é um comportamento que até há bem pouco tempo era aceite e tolerado pela sociedade...
Vai-se crucificar um magistrado por conduzir um automóvel sem matrícula? Não me parece bem...
Agora se o automóvel fosse conduzido pela Elisabete Jacinto, a conversa seria outra...onde raio vai parar este mundo com uma mulher a pilotar um camião que faz publicidade a comprimidos para as dores menstruais...